I'm tired of feeling disgusted with myself
- The M. of Cameron Post
A sociedade evoluiu. Boatos. Em 2018, elegemos um presidente que faz declarações como: “O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um couro e muda o comportamento dele”. A sociedade parece evoluída, mas pessoas acreditam que outras precisam ser corrigidas. Ou exterminadas.
As pessoas ainda tratam a sexualidade das outras pessoas como tabu, como escolha, como doença. E como doentes, precisamos ser curados. Levados de volta para o caminho certo. O tema surgiu na minha cabeça com a coincidência de dois filmes que abordam a cura gay chegando no cinema: The Miseducation of Cameron Post e Boy Erased. Ambos baseados em livros, abordam a temática de formas e com visões diferentes. Um focando em uma menina e outro em um menino, mas nas duas situações crescendo sob o olhar da religião.
Em Cameron Post, a linha condutora é o abuso emocional. Assumir-se, entender o que está acontecendo com sua mente e corpo é algo bastante complicado. Algo que fica ainda mais complicado quando não temos apoio, quando você é rejeitado. Quando falam que sua existência é errada e que você precisa se curar. A fragilidade é usada para pregação da “conversão”.
How is programming people to hate themselves not emotional abuse?
- The M. of Cameron Post
A história é agoniante. Ela te sufoca. Te faz querer gritar e salvar aquela jovem menina perturbada. A crueldade não é explícita, não é física, ela é psicológica. Ela acaba com a pessoa por dentro. É implantada em nossas cabeças ainda muito jovens. Crescendo junto com nossos hormônios. Aquilo é como um soco no estômago. Uma sensação insuportável.
O terror psicológico é perceptível em cada gesto. Você é levado a odiar a si próprio; e isso vai muito além da cura. Acontece a todo momento. Quando alguém te olha torto ou reproduz piadas homofóbicas. Quando alguém morre por ser diferente do que a sociedade prega.
Nós, enquanto sociedade, estamos acostumados a inferiorizar o outro por não seguir o padrão. A “maioria” só pensa no próprio umbigo. Tem quem não consiga aceitar mulher, negro, gordo, magro, afeminado, masculina. Um grupo de pessoas que procura um padrão inexistente.
No fim, resta luta e esperança. Porém, infelizmente, acompanhada do medo de ver um futuro ainda pior.