Demandas dos servidores, contato da universidade com a comunidade e curricularização da extensão foram pautas levantadas
Na última terça-feira, 11/04, foi realizado o que deveria ser um debate entre os candidatos à reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC). Das duas chapas registradas - UFC Viva e Democrática e Unir para Avançar, apenas a chapa UFC Viva e Democrática compareceu ao evento, na figura dos reitoráveis Custódio Almeida e Diana Azevedo.
O debate, realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais do Ceará (Sintufce), foi conduzido de acordo com a programação e os candidatos participaram de 4 blocos de falas, sendo um bloco realizado a partir de temas pré-definidos e outro com perguntas dos professores, servidores técnico-administrativos (TAEs) e estudantes presentes.
Como o evento foi organizado pelos servidores, muitas de suas demandas foram contempladas nos questionamentos. Assim, os TAEs, servidores muitas vezes invisibilizados em meio a estrutura organizacional da universidade, mostraram que fazem parte da UFC e desejam integrá-la de modo justo e coerente com seus serviços e capacidades técnicas. Entre as reivindicações apresentadas por meio de perguntas, maior participação política, valorização dos servidores e de suas competências, reorganização das rotinas de trabalho, com possibilidade de trabalho remoto, e políticas de acesso ao restaurante universitário.
Custódio e Diana afirmaram que apoiam a paridade dentro da instituição, não só de forma representativa (em momentos de eleição e formação de conselhos), mas na forma organizacional da UFC. Isso significa, segundo os candidatos, participação de técnicos-administrativos na gestão das unidades e da administração superior. “A chave está virada”, disse Custódio, sinalizando concordância política com esses pleitos. Segundo o candidato, a questão é operacional. O mesmo raciocínio foi apresentado ao ser questionado sobre a garantia de cotas para servidores e servidoras negras nos cargos de gestão.
Curricularização da Extensão
Além das demandas dos servidores, o debate foi espaço para discussões mais amplas sobre o papel da universidade na promoção da educação pública, ao que os candidatos responderam enfatizando a importância dos cursos de Licenciatura. Durante o bloco de perguntas, houve um questionamento a respeito da relação da universidade com os movimentos sociais. O professor Custódio apontou a importância de curricularização da extensão para tornar cada vez mais efetiva a troca de conhecimentos entre os estudantes e a comunidade em que a UFC está inserida.
“A gente vai entender que a universidade não sabe muito bem o que é extensão, e em algumas áreas não sabe de jeito nenhum o que é extensão. A gente vai entender que extensão não é sair para ensinar, somente, é principalmente a universidade sair para aprender”, afirmou. Para Custódio, a curricularização da extensão pode ser revolucionária para ampliar a compreensão do mundo pela comunidade acadêmica, por meio do contato com outros saberes e experiências.
Como um projeto de extensão engajado com os movimentos sociais e sempre buscando aprender com as comunidades, a Liga trabalha com estudantes do curso de Jornalismo, que já tem a extensão curricularizada, e do curso de Publicidade e Propaganda, que está em processo de inserção da extensão no currículo.
A professora Diana reforçou o apoio à extensão curricularizada e citou ainda que a UFC “tem feito um serviço ruim com o nosso entorno”, pois, principalmente em Fortaleza, a população não sente a universidade como algo seu, que pode servir como auxílio, intercâmbio de saberes e busca de serviços e conhecimento. Diana falou inclusive do setor de Comunicação e Marketing da Administração Superior da UFC, que tem como foco a promoção de ações internas, não o diálogo com a sociedade.
Para a Liga, projeto que se orgulha de dialogar com as comunidades e proporcionar momentos de produção de conhecimento, memória e experiências, tanto para os integrantes quanto para a população, está claro que a extensão precisa de mais atenção e políticas que viabilizem os projetos, sobretudo de financiamento. Desejamos uma comunicação com mais interação e trocas de conhecimento, dentro e fora da universidade, pois fazer comunicação é sempre compartilhada, já que todas as partes envolvidas transmitem parte de seus saberes e opiniões.
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