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  • Karoline Tavares

Liga realiza mesa de debate sobre Mídia Alternativa


Aconteceu entre os dias 08 e 11 de outubro a XXII Semana de Comunicação (SeCom) da Universidade Federal do Ceará (UFC). O evento foi produzido de forma colaborativa por diversos projetos da Comunicação Social da UFC, e, compondo a programação, a Liga realizou na noite desta quarta-feira, 9, a mesa “Mídia Alternativa na Efetivação da Democracia”. O espaço contou com as participações de Roger Pires, jornalista e integrante do Coletivo Nigéria, Lucas Vieira, estudante de Ciências Sociais e integrante do Coletivo Zóio e Luís Valente, colaborador do programa Conexões Periféricas (TV Ceará), estudante de Jornalismo e também integrante do Coletivo Zóio. Na conversa, foi falado sobre o papel das mídias alternativas, o financiamento coletivo das obras produzidas e as principais problemáticas relativas à democratização da comunicação buscada por essas mídias, como a falta de espaço dos coletivos nos grandes grupos midiáticos.

A mídia alternativa, principalmente nas circunstâncias sociopolíticas atuais, enfrenta muitas dificuldades para exercer o seu papel, sobretudo no que diz respeito ao financiamento de produções. É mais interessante, para as grandes corporações, financiar obras que atinjam seus objetivos e que sigam a linha editorial do que canal em que estas serão veiculadas, que geralmente não retratam as comunidades e os setores periféricos da sociedade. Nesse contexto, atua a mídia alternativa que tenta potencializar a voz e dar visibilidade a essas parcelas populacionais. Porém, a falta de financiamento dificulta esse processo.

Roger Pires pontuou que, mesmo com as dificuldades existentes, as matérias veiculadas pelo seu Coletivo ainda são financiadas, principalmente através de doações de indivíduos que adotam a causa retratada em suas obras. Ele exemplificou o documentário produzido pelo Nigéria, chamado “Defensorxs”, que retrata o cotidiano da luta de populações indígenas e LGBT, a ação de defensores e defensoras dos direitos à moradia e à justiça, a resistência de comunidades tradicionais a megaobras do Estado. Para tanto, valendo-se de estratégias similares as das produções de reportagens comerciais, o Coletivo estabeleceu um sistema de recompensas para os apoiadores da produção, de acordo com a quantia doada. A campanha teve uma considerável adesão, arrecadando mais de 31 mil reais, ultrapassando a meta financeira para essa obra que, segundo a plataforma virtual que foi utilizada para o financiamento, a Catarse, era de 29 mil reais.

Além disso, é notório que a mídia comercial segue uma (quase) implícita linha editorial, que seleciona arbitrariamente as produções que serão veiculados, atendendo majoritariamente os interesses dos grandes investidores dessas instituições. As TVs públicas, que deveriam dar espaço às obras que não o conseguem na grande mídia, como as que retratam os setores periféricos e as minorias (que não deveriam ser assim denominadas, pois são a maioria da sociedade), acabam por não permitirem que tais produções possam ser publicadas nessa esfera, o que prejudica a visibilidade desses indivíduos.

Lucas Vieira e Luís Valente pontuaram sobre isso. Segundo eles, as TVs denominadas públicas, que pertencem à população, na verdade seguem interesses estatais. Além disso, fica claro que há a manutenção de diversos valores e estereótipos da grande mídia, a exemplo dos perfis dos apresentadores, que permanecem os mesmos há bastante tempo. Luís ainda acrescenta que o processo de democratização da mídia não é de interesse das grandes corporações: “A mídia não quer que compreendamos as coisas”. Com essa frase, ele explica que cada matéria que é veiculada atende a interesses dominantes, e a compreensão da sociedade é apenas algo secundário, uma consequência do processo comunicativo.

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