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  • Mateus Brisa

Instituição na Barra do Ceará muda a vida de jovens por meio da arte

A Casa de Vovó Dedé oferece gratuitamente cursos artísticos e profissionalizantes para crianças e jovens

O que começou como uma escola voluntária para crianças pobres da Barra do Ceará, se tornou um local onde são ensinados conteúdos para além do básico: música, idiomas, informática, audiovisual, entre outros. Fundada em 1993, a Casa de Vovó Dedé hoje abriga 1.400 estudantes de diferentes regiões do bairro e outras localizações. A mudança de ensino básico para outros caminhos ocorreu em 2002 devido ao surgimento de várias escolas no bairro e à morte do fundador Mansueto Barbosa. A instituição se mantém financeiramente mediante parcerias e ajudas pontuais de organizações privadas, o que ajuda na compra de instrumentos musicais e na manutenção do prédio em que funciona.

O objetivo da Casa é ser um fenômeno de transformação, para além de ações de assistencialismo à comunidade. Wagner, filho do fundador, é o atual diretor da instituição. Ele afirma que essa transformação se dá quando os/as estudantes da Casa se deparam com novos percursos de vida ao entenderem “que são capazes, são inteligentes, extremamente criativos, e conseguem, sim, fazer a diferença”.

E, para muitos, é assim que acontece. Aos cinco anos, Michelle Lucena começou a alfabetização na Casa de Vovó Dedé, quando esta ainda era uma escola de ensino básico. Hoje, com 25, está em Paris tocando piano profissionalmente. Após a transição da Casa para as artes, Michelle iniciou aulas de piano. “A música e a prática diária do instrumento me fizeram ter perspectiva de futuro e esperança. Eu me sentia útil e bem em saber fazer algo, ou pelo menos tentar saber”, relembra.

 

“A Casa de Vovó Dedé tem salvado vidas. Eu nem consigo imaginar quantas crianças foram educadas naquela instituição. Não só educadas mas também alimentadas, vestidas, ouvidas, acolhidas. Eles têm dado dignidade pra quem infelizmente nasceu em condições desfavoráveis”, declara Michelle.

 

Integrante da Banda Sinfônica da Uece, Eduarda participa de atividades na Casa desde 2016 (Foto: Mateus Brisa)

Eduarda Lino é clarinetista da Banda Sinfônica da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e violinista da Casa de Vovó Dedé. Moradora da Barra do Ceará durante sua infância e juventude, conheceu a Casa em 2016. Ela estuda licenciatura em Música na Uece e conta que conviver com as pessoas “muito jovens, muito talentosas” da Casa só traz benefícios para sua evolução.

Em uma geração — e com um instrumento — diferente de Eduarda, está Yamandú Capalbo, 13. Ele estuda em uma escola regular pelas manhãs e, entre 13h e 17h, está na Casa, com a mente no piano e no futuro. Após ser apresentado à instituição por um amigo, Yamandú já teve aulas de coral, teoria musical, língua inglesa e outros cursos. Ele também colabora no estúdio da TV Vovó Dedé, o que o faz almejar percorrer os caminhos do Jornalismo. “Eu não sei o que eu ia estar fazendo se eu não estivesse aqui. Tipo, isso aqui mudou tudo. Mudou o que eu vejo hoje em dia, o que eu quero ser”, pondera.

Yamandú Capalbo tem 13 anos, toca piano e colabora com a Casa desde 2016 (Fotos: Mateus Brisa)

A profissional de educação infantil Patrícia Mendes afirma que o ensino das artes é significativo para a comunicação e a expressão humana, trazendo benefícios para os relacionamentos sociais e interpessoais de um indivíduo. “O objetivo mais importante nesse processo de produção é satisfazer a necessidade de expressão da criança e estimular sua espontaneidade criativa”, explica.

É essa mudança de perspectiva que impulsiona a Casa de Vovó Dedé. E Valdenora Feitosa, 36, é a prova viva disso. Mãe de três estudantes da Casa, ela se emociona ao lembrar como sua vida e a de seus filhos eram ociosas no passado. Após o engajamento das crianças nas atividades musicais da Casa, Valdenora percebeu uma avassaladora mudança no comportamento e no desempenho escolar delas.​

 

“Digamos assim, que a Casa tá sendo uma mãe. Uma vó. Não é chamada Casa de Vovó Dedé? É uma vó na vida, pra eles e pra mim, porque me acolheu com muito amor”, diz Valdenora, entre sorrisos e lágrimas.

 

Ao servir como base para diferentes metamorfoses, a Casa de Vovó Dedé acaba por se tornar verdadeiramente um lar. Uma casa cujos moradores formam, juntos, uma família propulsora de novos talentos. Para ser mais um/a morador/a, é necessário estar presente no período de inscrições do curso desejado. Datas e informações são disponibilizadas no perfil da Casa no Instagram.

SERVIÇO

Escola de Arte, Cultura e Tecnologia Casa de Vovó Dedé

Onde: Rua Jerônimo de Albuquerque, 445, Barra do Ceará

Mais informações: (85) 99997-7237

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