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  • Carlos Donisete

Incertezas sobre a vacinação na cidade de papelão

Em artigo de opinião, o sociólogo e escritor Carlos Donisete reflete sobre os preparativos para a vacinação da população de rua de Fortaleza, capital do Ceará


Por Carlos Donisete


Esta prosa é sobre a vacinação contra Covid-19 e a população de rua de Fortaleza, capital do Ceará.


A Organização Mundial de Saúde (OMS) define “saúde” como “um estado completo de bem-estar físico e social, e não somente ausência de afecções e enfermidades”.


A saúde deve ser compreendida como resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde, os quais no artigo 6º da nossa Constituição Federal de 1988 recebem o nome de “direitos sociais”.


Precisamos lembrar que a população de rua apresenta dificuldades para acessar os equipamentos de saúde e apresentam uma incidência maior de determinadas doenças, como tuberculose, ISTs (sífilis, HIV etc.), transtornos mentais (depressão, esquizofrenia, desidratação), uso crônico de álcool e outras drogas.


Vacinação contra Covid-19


O Sistema Único de Saúde (SUS) precisa ser mantido, fortalecido e ampliado. Além de todas as suas deficiências, temos um novo elemento para deixar a situação mais dramática: a pandemia de Covid-19. O poder público nos âmbitos de Fortaleza e do Ceará está aliado para vacinar todes aqui no estado.


Vacinação da população de rua


A população de rua está elencada na quarta fase da vacinação no Ceará. No entanto, alguns fatos chamam a atenção: in loco, não se estabelece o fluxo de vacinação dessa população; além disso, falta uma campanha informativa, voltada a esse grupo, sobre a importância da vacinação.


Também chama a atenção o número de 1.718 pessoas em situação de rua em Fortaleza, como contabiliza o site da prefeitura da capital cearense. No entanto, esse número é de 2014 e seria atualizado em 2020. Mas aí veio a pandemia...


Essa população continua sem direito à Saúde, mais invisível e vulnerável do que nunca! Consultei algumas entidades que trabalham com esse público para saber as impressões e nadica de nada: é mais fácil se isentar e jogar pedra no poder público (não passo pano nem para mim), mas construir soluções em conjunto dá trabalho além das vaidades, dos interesses diversos etc. e tal.


Enquanto isso, em Fortaleza, uma cidade de papelão está se desenvolvendo e, provavelmente, com mais de 3 mil pessoas morando nela. A novela Vacinação só está começando e não será páreo ao Big Brother! Meus sentimentos a todas as vítimas desse desgoverno. Vai dar certo, mesmo porque errado já deu! E seguimos na República do Leite Condensado.


* Carlos Donisete é sociólogo e integra o Movimento Nacional de População de Rua.


** O conteúdo deste artigo de opinião é de responsabilidade de seu autor e não necessariamente reflete a linha editorial do Portal da Liga.


*** Este artigo de opinião foi produzido no âmbito da Formação de Articulistas da Liga, formação oferecida a representantes de movimentos sociais pela Liga Experimental de Comunicação, projeto de extensão dos cursos de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Ceará (UFC).


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